Você está aqui: Página Inicial / Sobre a Câmara / Notícias / Ousadia e bom senso para avançar

Ousadia e bom senso para avançar

por Administrador publicado 18/12/2007 13h11, última modificação 08/04/2016 17h18
Para ganharmos espaço no mercado mundial precisamos de produção em escala global e de investimento em pesquisa. Neste ponto a FINEP acerta ao dar ênfase no processo de pesquisa e inovação dentro das indústrias.


Lembro-me que não compreendia, quando em 1981, meu pai me levava para a indústria para “trabalhar”. Eu tinha 8 anos e certamente outras vontades. Mesmo assim, após a escola eu passava um período do dia envolvido no ambiente da empresa, ora brincando na areia, ora ajudando no escritório. Hoje percebo que meu pai e minha mãe me deram a oportunidade de conhecer o mundo do trabalho e de cultivar valores como pontualidade, compromisso, companheirismo, disciplina, competência e competitividade. Valores que são permanentes, independente da cultura ou da época. Estes princípios são a lente pela qual fazemos a leitura crítica da realidade brasileira. O desafio então é quebrarmos a tradição da indiferença e nos mobilizarmos assumindo, cada vez mais, nosso papel de formadores de opinião. Como é possível não nos mobilizarmos para mudar, por exemplo, a situação da educação no país, onde professores do ensino fundamental de Brasília ganham cerca de R$ 3.000,00 e os mesmos professores, no Piauí recebem cerca de R$ 400,00, para desempenhar a mesma função. Temos que nos libertar da passividade e através das nossas entidades representativas (sindicatos, associações e federação) mostrarmos à sociedade os problemas que afetam a indústria brasileira, como a atual carga tributária que massacra as empresas, estimula a informalidade e engessa o desenvolvimento. Neste sentido reconheço o esforço da FIEP através do presidente Rodrigo Rocha Loures que resgatou e qualificou nossa representação na defesa dos empresários paranaenses e brasileiros

Ao apontar as falhas, também nos cabe indicar soluções. Iniciando com nossas empresas, podemos consolidar um estilo genuinamente brasileiro de empreender eivado pelo nosso dinamismo, nossa criatividade e nossa capacidade de relacionamento. Ninguém melhor que o empresário brasileiro para encontrar soluções inovadoras para produtos e processos de gestão: chuveiro elétrico, consórcio, cheque pré-datado, identificador de chamadas, carro a álcool; são alguns dos produtos genuinamente brasileiros que hoje estão no mundo todo e demonstram nossa capacidade inovadora. O desafio é sistematizarmos o processo de inovação dentro de nossas indústrias, permitindo o aproveitamento de novas idéias. Quem inova, ou continua líder, ou desestabiliza o líder. A inovação é um dos caminhos para a diferenciação dos nossos produtos buscando vencer as barreiras na conquista de novos mercados e isto é urgente, pois em relatório recente da ONU/OMC, que pesquisou o dinamismo da atividade industrial de 20 países emergentes, o nosso Brasil ficou em 20o lugar. O relatório afirma ainda que existem indícios de desindustrialização de vários setores produtivos brasileiros.

Para ganharmos espaço no mercado mundial precisamos de produção em escala global e de investimento em pesquisa. Neste ponto a FINEP acerta ao dar ênfase no processo de pesquisa e inovação dentro das indústrias. Afinal, uma inovação só vira “produto” se puder ganhar mercado e são as indústrias que têm as melhores condições de encaminhar este processo.

No entanto, o crescimento da indústria depende não só da nossa capacidade de inovar, mas também do ambiente de negócios em que estamos inseridos. Necessitamos de regras claras, da desoneração da produção e principalmente de educação de qualidade que possa fazer do Brasil uma nação capaz de aproveitar os inúmeros talentos que nossa juventude possui. Em especial, nossos jovens empreendedores que podem contribuir na definição de uma indústria brasileira com a cara e a alma do Brasil.

Aos jovens empresários, além da excelência técnica e de gestão, cabe conhecer a fundo a história da nossa indústria; envolver-se com os sindicatos, federação, enfim, nossas entidades representativas e aproveitar ao máximo as lições dos que estão a mais tempo na caminhada e por isso têm mais experiência.

A aliança da juventude e da experiência, da ousadia e do bom senso, é ferramenta fundamental para que nossa indústria avance e conquiste águas mais profundas.



Sebastião Ferreira Martins Junior

Engenheiro Civil

Diretor técnico do SINDCCON-Sindicato da Ind. de Pré-Fabricados de Concreto e Cimento do Norte do PR

Vereador em Apucarana


registrado em: